sábado, 1 de novembro de 2008

Review Boom Festival - parte final




Artes visionárias, galerias ambulantes. Arte plural por todos os lados. Na Vision Gallery, exibições de diversos artistas visionários como Carey Thompson, de fractais, formas psicodélicas, guache à água e óleo. Estilos de artistas americanos, peruanos, indianos, franceses. Alex Gray era um dos únicos artistas, onde nenhuma de suas telas estava à venda, algumas outras sim, com preços que variavam dependendo do seu amor por um determinado tema.







Outros artistas como Martina Hoffman, Robert Venosa também tinham suas pinturas e histórias a mostra nessa galeria que sempre estava muito bem visitada.
Outro espaço que era bastante interessante e com uma proposta bem variada era o Liminal Village. Palestras, workshops, informações e entretenimento durante o dia e a noite. Temas diversos foram abordados como: Economia alternativa, Espiritualidade, Yoga, entre muitos outros. Destaque para Trance Dance Ritual com Kalid e Rya, onde vendas nos olhos foram colocadas nos participantes. Ao som de tambores, sons mais orgânicos e outros barulhos, a experiência era dançar com os olhos literalmente fechados, não se via nada nem ninguém, somente se tinha as suas percepções internas e pessoais. Olhando para si, com as suas sensações e vivências.



Filmes, improvisações, malabares, pockets shows. Todas essas apresentações aconteciam no Theatroom. Do lado de fora, quadros e pinturas por dois australianos, Hayley e Link. Do lado de dentro, um grande palco, uma arquibancada que ficava sempre cheia com todos os shows que rolavam. Essa era uma área bem interessante do Boom Festival, durante o dia havia poucas apresentações, então se podia observar as pinturas do lado de fora, com motivos cósmicos, como dançarinas e elfas. E a noite, era hora do show, de achar um lugar e de deliciar ao espetáculo. Destaques para uma pequena criança fazendo diabolô, e também para o projeto Laborg, com Liquid Live Vídeo Mixing.



Para se movimentar no festival, viam-se bicicletas, que também podiam ser alugadas, motinhos, monociclo, carros diversos. Havia outros veículos como os de bombeiro, que traziam água para deixar mais úmido o ambiente e também alguns de segurança que sempre faziam uma ronda diária.
Havia também a área médica, com profissionais 24 horas disponíveis para um simples machucado ou atendimentos mais sérios e também algumas ambulâncias.



Durante todo o dia para se cuidar era necessário beber muita água, muita, porque o verão europeu é bem diferente do nosso, bem mais seco, então nunca era demais se hidratar, se alimentar bem, ficar na sombra e se proteger do sol quando possível, com leques, cangas, bonés, chapéu e passar muito protetor solar.
Na tarde memorável da apresentação de Tetrameth, uma noticia triste. O festival teve uma pausa sonora de 10 minutos e algum tempo para meditar e refletir sobre algumas questões. Um homem, de nacionalidade francesa, de aproximadamente 38 anos faleceu por ataque cardíaco.



Em 10 anos de festival, foi a primeira vez que alguém da organização subiu ao palco e ao microfone deu à triste noticia que balançou muita gente e fez com que parassem para refletir sobre o uso abusivo de substancias tóxicas que são ainda muito consumidas, infelizmente. Mas em meio a esse acontecimento que pegou a todos de surpresa, viam-se muitas grávidas, vidas novas que na certa trazem sempre renovação e boas novas.



Ao lado da redação do “Daily Dragon” e próxima a rádio, havia o Ecocentro Ipec. Materiais recicláveis, kits para bitucas de cigarros, sabonete vegetal e informações. Ao lado de fora, podia-se ver um demonstrativo da Campanha “Seu óleo é música’, que foi realizada meses antes do inicio do festival. Reciclagem do óleo vegetal junto a toda a comunidade de Idanha-a-Nova para transformar o óleo em música, em energia que abasteceu todo o festival.
Percorrendo o caminho das grandes borboletas que voavam no céu, chegava-se a Healing Área. Um espaço lindo e amplo, rodeado de atividades como yoga, meditação, consultas homeopáticas e tantas outras práticas sempre orientadas por profissionais. Espaço para se exercitar, alongar, cuidar da mente e do espírito.



E tantos outros domos, círculos, estruturas que era preciso chegar perto para saber o que se passava, o que acontecia. Um deles era o Caleidoscópio, que funcionava como um Observatório Astronômico. Era uma área com telão, onde imagens eram captadas ao vivo de um telescópio. Funcionava como um pólo de conhecimento micro e macro cósmico
Outro lugar que se destacava era uma tenda colorida, com uma placa indicativa “Homeless’, ou lugar para os desabrigados do festival. Se você não tinha onde dormir, não tinha barraca, lá era o lugar e tinha ate uma decoração peculiar, muito criativa.



Aliás, via-se criatividade em todos os ambientes, em todos os espaços. Criatividade na montagem das estruturas, na criação das pistas. No Chaishop, nas diversas tipis espalhadas, nas decorações soltas com cristais gigantescos pendurados, nas construções com palhas e feno, nas bio- construções, nas pessoas e em todos os personagens. De dia um universo, à noite outro completamente diferente. Tudo tinha brilho, tinha encanto, tinha luz própria.
Mais de 800 artistas, muitos produtores, organizadores, muita gente envolvida e unida para fazer um grande e bonito festival para as 30 mil pessoas que ali estavam.



Lua cheia, por do sol às oito da noite, ventos que refrescavam e outros que traziam o frio. Céu multicolorido, balão, diversos helicópteros, barcos e jet-ski no lago. Informações por toda a parte.
A conexão estava dentro de você, com o que gostaria de se conectar, à aprendizagem estava em todas as pessoas, por todos os lados, bastava somente se concentrar e escolher qual caminho seguir.
Paqueras, novas amizades, consolidação de amizades. Pactos, rodas, interatividade. Olhares, sorrisos, gargalhadas. Abraços apertados, sinais, piscada de olhos. Era parar e visualizar também as pessoas queridas que quisesse por perto, e não estavam fisicamente, mas sempre possivelmente conectadas com o coração.



Noites bem dormidas, noites nada dormidas. Aquele mundo não parava e só crescia todos os dias. Dias longos, mas que passaram muito rápido. Experiência única e abençoada por estar presente, por viver um sonho, por estar conectada.


Por Nat Naville (nati@emusicbrasil.com)